27/07/2010

Sócrates Elogia o Sistema Falido da Saúde
A Desgraça Nacional – Como e Porquê
Como se Estupidificou a População?

Sócrates elogiou o sistema de saúde nacional por ser igual para todos (notícias de 26-7-10). Que falsidade! O sistema de saúde nacional não é verdadeiramente universal nem segue as normas adoptadas nos países europeus que o fazem realmente igual para todos.

A saúde, como ela está em Portugal, não podia ser pior. Nos serviços do estado não há concorrência e os médicos desinteressam-se completamente por uma profissão que é humanitária, procurando os hobbies paralelos inexistentes nos países democráticos europeus. Por outro lado, esses hobbies minam o sistema. Por algum motivo os portugueses continuam a ter uma esperança de vida inferior.

Nos países europeus a saúde é garantida pelo estado, enquanto a maioria dos serviços são prestados pelos privados (mutuais bem controladas). Os estados, de acordo com as associações dos profissionais (ordens, etc.) estabelecem tabelas tarifárias pelos actos médicos, de enfermagem, de hospitalização e outros complementares. Todos os médicos e outros profissionais de saúde trabalham para o sistema nacional.

Cada pessoa escolhe o médico ou hospital que quiser e gera-se uma concorrência que só pode ser benéfica. Os hospitais, privados ou do estado, estabelecem os preços que quiserem para os serviços hoteleiros de internamento, mas NÃO naqueles para os quais exista o tal acordo tarifário. As pessoas são tratadas convenientemente, o que cá não acontece, salvo as costumadas excepções às regras.

Nalguns países, como em Portugal, os serviços de saúde estão em falência porque enquanto a procura subiu em flecha desde à volta do princípio da década de 1970, nada fizeram para acompanhar essa subida. Cá, ninguém fez nada, nunca, e o Sócrates foi a maior desgraça porque agora ainda precisa de mais intervenção do que antes devido à contínua pioria. Em lugar de transformar, reestruturar, modernizar e revitalizar, aplicou-lhe uma mezinha que nem poderia resistir a uma crise, como se constata.

Onde se evitou a falência adoptou-se por uma subida dos impostos para esse fim ou uma subida das quotizações individuais, consoante o método de financiamento. Porque – não metamos a cabeça dentro do barril – não há outra solução e todos devem ter direitos iguais.

Alguém leu ou ouviu algum jornaleiro sobre este assunto tão importante para todos os portugueses?

O grande mal de Portugal (e de alguns outros países) é os impostos não terem destino especificado e os governantes poderem usá-los como lhes aprouver e sem qualquer controlo do povo. Um autêntico regabofe de descontrolo e de corrupção que só pode originar a ineficiência dos serviços e o aproveitamento desta precária situação pelos oportunistas e hobbies por exploração, assim como um descontrolo completo e a ineficácia do sistema.

Alguém leu ou ouviu algum jornaleiro sobre este assunto tão importante para todos os portugueses?

O Sócrates deveria ter introduzindo as transformações necessárias, modernizando e financiando, copiando dos países cuja experiência resolveria os problemas nacionais. Devia ainda ter acabado com os hobbies e ter estabelecido um controlo efectivo que evitasses explorações e tornasse o sistema democrático, em lugar da fantochada que é.

Alguém leu ou ouviu algum jornaleiro sobre este assunto tão importante para todos os portugueses?

O impostor do Sócrates gaba-se de ter reestruturado o serviço de saúde, mas pelo que atrás se vê, nada fez de útil. Bem pelo contrário. Aplicou-lhe uma mezinha que não durou o tempo da sua legislatura e que só serviu de propaganda de marketing político para incautos. Aldrabão! Mantendo a situação ruinosa, deu oportunidade aos neoliberais anti-democráticos, oferecendo-lhes razão para contestarem sobre uma bandeja, aproveitando-se do descontentamento geral devido à falência na efectividade do serviço.

Alguém leu ou ouviu algum jornaleiro sobre este assunto tão importante para todos os portugueses?

Devido à crise e à má organização, a agravação dos serviços de saúde e da Segurança Social só pode continuar a piorar. As esperas, as faltas de médicos e de todos os recursos vão piorar e em grande. Na posse desta fácil e lógica previsão, o novo PSD neoliberal – que a maioria dos apáticos crê ser o mesmo dos tempos antigos, mas que é quase o contrário, como testemunham as suas proposições e a maioria dos seus mais antigos militantes – teve a oportunidade de avançar com a ideia duma privatização, não como nos países democráticos enunciada acima, não, mas na pura e monstruosa intenção de liberalizar e oficializar os hobbies que roubam a população, enquanto aprofundando e alargando o fosso já grande entre mais ricos e mais pobres. É esta a democracia do actual PSD e do seu chefe de clã mafioso. Enganar o povo e empobrecê-lo roubando-o para dar àqueles a quem permitem o roubo, o todo sem o mínimo controlo.

Deste modo, o PSD começou por espalhar uma ideia contra a população em geral, por enquanto apenas levantando a ideia. Vai agora aguardar pacientemente o inevitável aumento da degradação do sistema devido à incompetência do Sócrates na sua imprescindível reforma. Quando o momento político chegar, o hipócrita do Pedro Coelho vai dizer: Eu não lhes disse que o sistema era insustentável e que devia ser privatizado, com expliquei? Chama-se a isto, literalmente, um hipócrita e sacana de maus fígados ao último grau, por infligir conscientemente o mal a toda a população que não possa pagar.

Pelo que se vê, o isco ainda agora foi lançado, a primeira parte. O seguimento será na altura de vantagem política para que a impostura possa vingar.

O sistema pode muito bem ser privatizado, sustentável, democrático e respeitar os Direitos Humanos como noutros países e lembrado acima, mas jamais do modo que esse ladrão-mor e assassino do povo propõe. O que o Coelho pretende implementar é uma diferenciação de classes em que os que têm mais dinheiro possam obter melhores serviços clínicos, uma grande machadada num sistema já pouco democrático. Passa por cima dos Direitos Humanos de que o direito à saúde faz parte integrante, como reconhecido por todos os países verdadeiramente democráticos e por todas as organizações de Direitos Humanos. Quer classes de ricos e pobres com direitos e regalias distintos.


Classes

Havendo classes não pode haver democracia. Não obstante, a generalidade fala em classes. Logo, se fala admite a sua existência, nomeando-as. Ou seja, o seu subconsciente sabe que a democracia neste país não existe, pois que havendo classes não pode haver democracia: ou uma ou outra, pois que na prática uma impede impreterivelmente a existência da outra.

Alguém leu ou ouviu algum alarve jornaleiro sobre este assunto tão importante para todos os portugueses?


Pergunta-se:

  • Porque é que em Portugal só se copia o que está errado e no presente caso nem mesmo isso, por sermos um caso único na UE?

  • Qual é a vantagem para a população em ter dois serviços a preços diferentes, senão para criar classes nela, o que é absolutamente anti-democrático? Por demais, um serviço do estado como o actual não gera a concorrência necessária.

  • Em lugar de adaptar os sistemas comprovados democraticamente como eficientes, será melhor, como de costume, copiar-se tudo o que está mal nos países atrasados, apenas porque nos impingem as ideias?


Resposta a todas as perguntas

O mal, assim como o mal geral do país é consequente da população não conhecer como vivem, se comportam e actuam politicamente as populações dos países europeus avançados e democráticos (Espanha e Grécia, países também do terceiro mundo, não contam, nem pensar). Ninguém conhece as razões porque as populações de uns países vivem melhor que as de outros. Ninguém conhece como funcionam os serviços de saúde e de Seg. Soc. nos países europeus em geral, nem nos próprios países da nossa UE.


Porquê?

Conhecendo a desonestidade generalizada dos políticos, ninguém se admirará que eles ocultem maliciosamente estes factos de modo a poderem convencer os eleitores a votar nas suas ideias que eles sabem garantirem-lhes melhor os tachos do que um esforço em prol da população, cujo resultado só se verá depois das mais próximas eleições. A ganância do poder imediato é que conta para essa canalha.

O que é realmente de admirar é que aqueles cuja profissão é de informar a população o escondam, mintam, encubram, pasteurizem e manipulam as informações; que as encenem, dramatizem, gozem com a ignorância geral em que eles mesmos mergulharam profundamente a população com os seus métodos em que escolhem o que hão-de contar segundo o seu critério e não a sua obrigação profissional.

Pelo seu comportamento e consequentes resultados, só podem ser eles os primeiros culpados do estado de ignorância geral do país. Tiraram ao povo a capacidade de reflectir naquilo que desconhecem por não terem sido mantidos ao corrente. Mais do que os políticos, arquitectaram assim a desgraça nacional.

A população encontra-se num tal estado de profunda estupidificação por influência da jornaleirada rasca e imunda, que chegou ao ponto de crer que a proposta do Coelho possa salvar o sistema sem prejuízo de acabar definitivamente com a democracia coxa das duas pernas que existe. Esta opinião errada só pode prevalecer pelo desconhecimento completo de como funciona um sistema de saúde privado rigidamente controlado pelo estado em países económica e democraticamente avançados. Pelos que se constata, raros o conhecerão.

Alguém leu ou ouviu algum alarve jornaleiro sobre este assunto tão importante para todos os portugueses?


Nota

Uma opinião que caracteriza a jornaleirada de hoje, em que os nacionais não são únicos mas no que têm uma alta classificação, foi definida num livro de Andrew Oitke, Prof. catedrático de Antropologia na Universidade de Harvard:
«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.»

Mais sobre este livro poderá ser lido num post do blog Democracia em Portugal?



Este e outros artigos também publicados nos blogs do autor (1 e 2).

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